Após uma atribulada actuação, em que o cêginho foi obrigado a fazer parar o transito , já que a desgraçadinha esperava um comboio que tardava em chegar e ia-se esqueçendo de pegar no cêginho e desviá-lo para a berma do caminho, em que o pobre tocador ia parando ao douro de tão desorientado que andava(não fosse ele cego e coxo); lá foram todos para o topo da arriba, ampanrando um senhor com 70 anos uma perna partida outra inflamada , e o cansaço natural que estas coisas provocam.
Farnel.
uma mesa bem composta , vinho português e espanhol , pão , muito peguilho, menos o nosso....claro. E eu com um ataque de fúria. Lá se compôs a coisa, tocamos umas musiquetas cantamos em espanhol, português e françês e lá fomos conversando. Gente interessante, fotógrafos a tirar umas a uma distancia respeitável e outro a capturar-me na caixinha mágica, mais vezes do que alguma vez o fizeram em toda a minha vidinha.
A minha viola , prostituida , foi parar às mãos de um castelhano(com a minha autorização, não fosse eu chulo dela) , e passado 10 min o castelhano: "- rompi un mi-".....
fumo a saír da minha locomotora...calma duarte, calma.... peguei no profanado instrumento, orfão de algum aço , tal como a triste linha que muitas viagens cantou; e pendurei-a para um breve descanso. não tardou desenterrei a minha vontade e alegremente, lá se animaram as hostes.
Partimos para o encerramento de a exposição patente em Barca de Alva .
Uns pela linha acima, em direcção à abandonada estação, outros de automóvel( o meu amigo dramaturgo de 70 anos, eu a amaterasu, o carlos ,a mulher o visconde- que entretanto tinha antipatizado com a viola, dando lhe umas valentes ladradelas). continuava o céu cinzento.
A exposição " La Raia rota" de Vitorino Garcia , teve honra de banda e de uns passos de dança do ceginho acompanhado pela sua desgraçadinha( que entretanto se ria com o rosto camuflado no peito do coxo cego), presa entre ele e a viola.
Acabada a banda lá foi a desgraçadinha ver a esposição, acompanhada do seu ceginho(que lhe pediu para descrever a textura das imagens que ele nunca vira e que muitos esqueceram), com a esperança de poder cantar mais uma vez, e sacar uns vintéms para o pão. nada feito. depois do discurso que o cego ouviu e a desgraçadinha (cansada e trêmula) digeriu, saíram.
Já no café do xico, os dois perguntaram se podiam tocar e cantar, e despejaram as desgraças recolhendo as não menos desgraçadas esmolas. 1h40 min depois , a amaterasu e o duartenovale , tinham poisado a máscara. O comboio não passara, a eva tinha saido e uns ventos vadios invadiram a alma do biolas. Raiva contida.
e assim descarrilados nas vontades enterradas fomos para o vale.
obrigado xaina, leandro vale, carlos d'abreu(e sua filha pela gentileza), e obrigado companheiros por este momento chuvoso mas frutífero.
abraço do vale
fotos de Daniel Gil
para mais informações, consultar http://www.contrabando.org/
4 comentários:
foi uma estreia tremendamente cheia de improvisos com montes de gargalhadas, contratempos, agonias, suores frios...mas...altamente..
a eva sabes como é tem a tendência a ser imprevisível e desaparecer tão veloz como o vento.. :)
Ói camarada Duarte!
Belo post e bela música, que belas recordações nos trás, vou ficar mais um pouquinho a cantarolar.
Abraço grande!
Que grande aventura!
Um abraço.
parabéns pela excelente iniciativa cultural, que enterrando simbólicamente as promessas espero que sirva tmb para acordar as vontades, de ver resuscitado esse troço da linha do Douro, para mim, a mais romântica da Europa. Quanto ao papel do ceguinho e da desgraçadinha,um relíquia duma realidade recente, nas nossas feiras e mercados, parabéns ao Carlos D,Abreu e ao Leandro assim como aos nuestros hermanos pela performance eu não pude estar pessoalmente mas estive transfigurado nos oculos do ceguinho em geito de homenagem. Paulo Patoleia
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