segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aos navegantes da merda.


Aos herois de Portugal

prostituto pobre e podre

Aos herois de uma pátria

adiada, aniquilida

Canto odes ,

odiando não ser cidadão

de uma bandeira verde e rubra

Sendo apenas antimatéria

de uma estrela anã...

Canto sim.

Mas com o refrão encalhado

N'as armas , n'as armas

que para mim apontam.

cidadão liberto

ou mesmo por prender

às mais nefastas consequências

do que é não ser jamais

cidadão PORTUGUÊS.

Quero dizer MERDA!,

sem que nela me afunde

Pois com tanto politiqueiro a obrar

Merda é coisa tão vulgar

Que até mesmo a Ofélia

teria de morrer nela.


abraço do vale

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

um 1/4 que até é meu

Este canto onde me sento
é de luz ténue ,
Lampada de tecto, chão de restos, almofada de mortalha.
Esta parede que me olha
não tem janela, prima da outra que espia por cima do meu ombro
e que , essa sim, tem janela (mas com portadas fechadas).
A velha madeira que me acompanha, pela noite dentro
num ranger de dobradiças, suporta-me os pesadelos os sonhos e os devaneios
ou não suporta nada, apenas reage.
Este canto que crava alguns silencios na minha ausencia
é canto doutroeu, melodia sussurada ou poiso vagabundo.
Descalço escrevo , arrefecendo os calos neste chão flutuante,
onde pouco importa a cor, apenas o tropeço na barbaridade de fios entrelaçados,
como ondas revoltas num mar de energia ...
esta voz que esbarra na impedancia do ar que me sufoca,
mais parece um nevoeiro de cigarros feito.
mais uma chama... será esta que me vai libertar num último aperto , esganando os meus pulmões?
Pouco importa, os calos continuam quentes, a parede vazia, e a janela fechada...
Aqui sou eu.
abraço vindimeiro

domingo, 12 de setembro de 2010

Domingo


hoje é 12 de setembro, bem podia ser 13... mas como ontem estivemos no dia 11 , hoje, inexorávelmente é o "pós aquilo" ou o "pré coisa e tal".

Não que queira minimizar qualquer data ou acontecimento, somente que ,para cada acção temos uma reacção. umas lentas ,outras relampago, umas maquiavelmente arquitectadas ,outra cirurgicamente montada e levadas a cabo... e depois há as outras, aquelas que ainda não aconteceram( talvez por ainda não ser dia 13).

Mas adiante, é Domingo. sinto-me mais velho qualquer coisita. A missa , como costume não esperou por mim. O campo ( onde reside toda a magia da gênese) esse sim , acontece com gente e outros "não gente"( mas não menos importante que as anteriores).

Esqueço o mar (que há bem pouco vi), recolho a fruta que uma Primavera florida e um verão tórrido, se encarregaram de adoçicar.

Voltando ao dia de ontem.

Olhando para a televisão, ouvi coros lindíssimos, rostos emoldurados numa profunda(e real) tristeza, não vi o "outro"( aquele que criou as condições para haver imagens e consequencias REALMENTE tristes)... deve andar a contar carneiros(pois carneirada não falta). Pela tarde , depois de uma manhã de empenho na vinha, fui ao meu barbeiro(um de dois que costumo frequentar) , estava de descanso. visitei um amigo , falamos da diferenças de costumes entre povos, e segui novamente para o Vale... a noite chegou e bem depressa hoje tornou-se ontem.

Neste 12 que ainda teima em não ser 13, vou pensando nos dias , nas semanas, nas estações do ano...no Tempo.

Amanhã terei a minha consulta de especialidade, que o SNS teima (faz 3 anos) em não agendar.

Não tardará muito, setembro irá ser mais uma promessa, um marco de encontro e desencontros, se até lá chegar.

Hoje , é um número.

Abraço do vale

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Camaradagem


imagem de ocastendo.blogs.sapo

Tenho andado às voltas com as minhas tarefas de colheteiro, o tempo tem sido espremido até ao seu tutánico segundo. Mas lá consegui reunir um grupo de amigos do vale , metermo-nos no autocarro fretado pela organização de Bragança( não antes de, pelas 5 da manhã carregar o camião do frio com as toneladas de fruta apanhadas préviamente, recolher 3 amigos com as suas bagagens, fazer os telefonemas necessários, juntar a documentação de outros amigos e amigas que não puderam estar presentes devido ao falecimento de um familiar), e rumar à FESTA!


Foi com bastante expectativa que estive presente na Atalaia. Este pequeno ( E ENORME) interregno, é-me vital, por ser o local onde a palavra camarada tem o sentido que sempre lhe atribuí.


Alguns telefonemas depois e abraços sentidos, estava pronto para mais um fim de semana, onde iria repetir rituais que duram faz já alguns anos... uns aconteceram outros ficaram-se pela intenção. A palavra camarada, afinal, é mais densa e complexa do que imaginava. Complexa porque implica camaradagem , densa porque (na minha modesta opinião) implica a cultura e alimentação de amizades principiadas .


Numa enciclopédia que tenho aqui à mão aparece-me esta definição( enciclopédia da KLS de 1979) :


Pessoa que convive com outra;companheiro./ Pessoa que tem a mesma profissão que outra./ Colega, condiscípulo. / Bom sujeito , amigo. / - Adj. Agradável; tolerante, compreensivo.


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Pois eu sei , isso não passam de definições, e podem variar de sujeito para sujeito, dependendo da nossa forma de socializar ou não-socializar.


Na festa.


Senti o calor do dia , o sorriso aberto de quem nos quer bem, a solidariedade e a prontidão no auxilio a quem precisa, senti tanta coisa e não senti outras. A festa cresceu, este espaço que se quer de Liberdade e Solidariedade , está, cada vez mais, no melhor caminho possivel.


Cultivei como pude , a minha camaradagem, com defeitos à mistura certo ( a minha timidez por vezes parece não existir, mas lá está ela a travar-me quando o não queria), mas tentei e tentarei sempre para quem me quer camarada.


Abraço grande com tudo que a camaradagem pode trazer de bom.


( com um agradecimento especial ao pessoal de serviço na recepção do parque de campismo).



imagem de caminhodemim.blogspot.com