domingo, 18 de outubro de 2009

RENASCER


ENTERRARAM O POEMA

E OS VERSOS REPOUSAM

SEM ALVURA DE UMA FOLHA

NEM ALMOFADA DE UMA CAPA

E UMA MORTALHA DE CONTRE-CAPA...

-ERA DE RIMA POBRE

DIZIAM POR AÍ OS MAIS SÁBIOS,

AO VIUVO DA MUSA,

O POETA AINDA VIVO.


APONTARAM-LHE O DEDO

AO CANTOR DE VOZ DORIDA

POR NÃO SABER COMO SE CANTA

NEM SABER QUE CANTIGAS SÃO

DE CANTAR EM VOZ ALTA

OU ENTÃO EM SURDINA.


NA TELA DO PINTOR

FOI PROIBIDO PENSAR A CORES

E NAS MÃOS CALEJADAS OPERÁRIAS

O VAZIO DO PINCEL

PEDIA UM CERRAR DE PUNHO

PEDIA UM DERRADEIRO OLHAR


OLHEI À MINHA VOLTA

E VI QUE NÃO ESTAVA SÓ.

VI SORRISOS, VI ABRAÇOS

SENTI NA PELE A DOR DOS OUTROS

REFLECTIDA EM MIM. SENTI

O VERSO A BROTAR

NOS LÁBIOS ÁVIDOS PELO GRITO

NAS MÃOS TRÉMULAS E CANSADAS

NA MENTE QUE NUNCA MORRERA

APENAS DESCANSARA.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

...................................

estou em pleno deserto de ideias...

sinto-me um grão de areia ,

nada livre,

no meio de uma praia solitária.

vi uma bela planta junto à janela ,

que não era minha...

era verde, era musa.

e na rua passam carros

com letras plageadas,

de umas músicas ligeiras

ou então aligeiradas.

a chuva teima em não cair...

e isso, sim, incomoda-me,

o chão seco já não chora

é tudo poeira...

os que há muito já não esperam

os que foram e recordamos

os que estão e vão partir

só meus olhos teimam em ver

com ardor e cansaço

vultos , sombras ou fantasmas.

que sentido dar a ausencias?

de que é feito uma ausencia?

de nada?

há presenças que nada são

quando ausentes

teimamos em não sentir...

questiono tudo que não sinto

já que o que sinto

nunca me questionou

apenas tomou lugar

por mim nunca concedido

apetece-me sentir nada.


abraço do vale




imagem oriunda de organismo.art.br