domingo, 20 de fevereiro de 2011

... e nós...

tu eras universo num pulsar
tu eras o brilho aglutinador de toda minha matéria
tu eras mil horizontes num olhar profundo
tu eras riso de criança num corpo de adulto
tu eras a fome saciada num encontro de pele
eu era rasto de cometa num céu que te pertençe
eu era a fotosintese na amena claridade dos teus dias
eu era a explosão da fronteira que nos separa
eu era de tronco tenro enraízado em nós
eu era manto do núcleo que cresce em ti
e que somos nós agora?
uma ténue nuvem passageira na aridez do deserto!
agora quando te retrato, faço-o olhando
como quem vê no espelho o tempo presente!
já não te quero, tu não me queres... apenas recordamos.
é tão bom viver sem a tua presença,
melhor é lembrar como fomos ou podiamos ter sido,
num passado que tende a mentir-me...
se a memória me não falha.

abraço de uma velha primavera.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Lutos sem lutas

Mais uma vez a memória
mais uma vez sinto o presente
Cada vez mais passado
Outra vez sinto aquele sopro
Derradeiro, esmagado pelo peso
Da agonia em rostos gentís
É agora que foi vez de outro...
Pesado fardo o sinal da partida
Quando ficamos no cais, sem amarra.
Quanto valemos? que somos?
Um aperto de coração
Ou um esgar de ser no frenesim intergaláctico.
Só sei que sinto...
Depois , penso e ... penso... e...vale nada pensar muito.
Saudade.

Abraço para o céu.