domingo, 20 de fevereiro de 2011

... e nós...

tu eras universo num pulsar
tu eras o brilho aglutinador de toda minha matéria
tu eras mil horizontes num olhar profundo
tu eras riso de criança num corpo de adulto
tu eras a fome saciada num encontro de pele
eu era rasto de cometa num céu que te pertençe
eu era a fotosintese na amena claridade dos teus dias
eu era a explosão da fronteira que nos separa
eu era de tronco tenro enraízado em nós
eu era manto do núcleo que cresce em ti
e que somos nós agora?
uma ténue nuvem passageira na aridez do deserto!
agora quando te retrato, faço-o olhando
como quem vê no espelho o tempo presente!
já não te quero, tu não me queres... apenas recordamos.
é tão bom viver sem a tua presença,
melhor é lembrar como fomos ou podiamos ter sido,
num passado que tende a mentir-me...
se a memória me não falha.

abraço de uma velha primavera.

6 comentários:

Anónimo disse...

ulhó!!!
quer dizer ... está a chover, enfias-te em casa e nem comer com a malta foste ... inda por cima, pões-te a escrever coisas destas, por sinal bem escritas!

abraço, com pegadas do canouçado, onde vir passar alguns tordos ... e deixei-os ir!

Ana Tapadas disse...

Ainda bem que não foste...pois regressaste ao blogue e com um belíssimo poema. A memória de uma paixão...
Beijo da planície alagada

fénix renascida disse...

És um ser poético.
Vê-se.

Parabéns pela música. Sabes como eu adoro o Rui Veloso. Sempre me acompanhou, em momentos bons e maus.

Sabes igualmente que te respeito pelo que és.

Tu tens uma vertente revolucionária, e eu a minha vertente tradicional (caso não saibas, eu sou monárquica, mas isso não te deve espantar, pois que me conheces tão bem, ou pelo menos em parte).

Tu és o elo para o Futuro, eu para o Passado. Pelo menos eu vejo assim.

O presente deve fazer a junção entre ambos.

Concordas?

duarte disse...

ó anónimo!
nem me lembrei de tal coisa!
eu bem ouvi os estoiros... mas como não saí no sábado à noite, não soube de nada. melhor assim, sobrou mais.
abraço mon ami.

Ana
é memória do que poderia ter sido, de uma perfeição tão longinqua, quanto os horizontes o são.
abraço para a planície

fénix
Escrevo baseado em nada, ou baseado em coisa alguma. Não tenho em mente alguma coisa específica, a única recordação que tenho e que me marcou para sempre data da minha adolescência... talvez por ter sido a mais pura e honesta, e pelo olhar e sorriso dessa ninfa continuar presente.
abraço.

fénix renascida disse...

Li o teu comentário a um dos meus posts, e respondi.

utopia das palavras disse...

Feliz de quem balança de forma tão pura e terna as emoções que profundos traços deixaram!

Como escreves, amigo!!!!

Beijo