Vultos in temporais

cortinas de espuma barria

arrastam o mais leve sonho

atirando ao mar bravio

crianças feitas homems



ribeiros choram casas

riachos cospem carros

a montanha desceu a praia

a cidade pintou-se de lama.


na madeira um jardim

virou entulho e carne

dinheiros que por fim

não serviram para nada.


nos bolsos de quem o teve

apressadamante planeou

território ordenou

e quem pobre era, se manteve.


quem nada tem perda a vida

quem pouco tem tudo perde

quem muito tem pobre fica

pois quem tem tudo, de nada serve.


como disse o caetano

que "o Haiti é aqui"

também digo(e não me engano)

"e agora, que não há aqui?"


globalmalmente enganados

à merçê de tempos bravios

de que nos vale o fado?

de que nos vale os gritos?


poder é : termos o direito à partilha


termos direito a ter direitos

neste continente feito de ilhas


com gente que o poder fez.




abraço do vale , triste e solidário.

Comentários

Ana Tapadas disse…
A dura realidade, irónica e na tua bela poesia...
(No meu blogue, amigo, a partida era de um primo querido...partida para sempre que já aconteceu. Soube em Barcelona.)
Beijo da planície encharcada
Maria disse…
Um abraço urbano, solidário.
duarte disse…
ana
n sabia... só o tempo cura essas feridas.
obrigado por gostares.
abraço

maria
obrigado por estares.
abraço.
Jorge disse…
Grandes verdades Duarte !!

Abraço!

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