Tenho-me sentido assim, encurralado entre muitas coisas, com a falta de luz ao fundo de um túnel. Deambulo pelas poucas valencias que o tempo se encarregou de me trazer, e nada... só a porra do vazio. Arrefeço (voluntáriamente) sentimentos doces, como que num impeto de masoquismo, ou pela falta de consciência do que é sentir doçuras ou então por covardia de perder o que não se tem.
Depois vêm as máscaras, uso uma e outra até exhaustão. à noite tento esqueçer-me , e revolvo revolto o que resta da minha sombra... só no espelho encontro esse meu ser. mas estilhaço o reflexo, perdendo-me em nevoeiros repletos de mim mesmo... tentando encontrar o brilho rasgado de um olhar perdido.
Sou táctil, vejo com a pele... mas a pele esqueçe.
um rio de sangue cansado , corre-me pelas rugas, sem nunca secar....devagar vou.
Já sinto a saudade dos outros, mas nunca de outros tempos. Sempre do tempo que é presente ausente de algum futuro( um futuro que eu imaginei, ou que me contaram).
Acredito nos meus passos, enquanto os der. Quando nos ouvidos deixar de sentir multidões de passos(tal como agora acontece), concentrar-me-hei no ruido de um caminho acompanhado de um pulsar latejando e fustiguando minhas têmporas.
Está frio. nem nas mais belas poesias encontro o descanso morno de um por-de-sol.
Este túnel que cavei é longo. E o cansaço é persistente...
Hei-de parar. Onde? não sei. quando o sol secar o sangue , talvez.
abraço do vale
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6 comentários:
liberta o ser...
mas liberta-o na sua plenitude...
sangra, magoa, grita!
mas lembra-te..que as pontas soltas..e as feridas mal fechadas voltam sempre a abrir...
cicatriza-as...
Intenso este post.
Poderia dizer-te 'procura-te' e irás encontrar-te ou 'quem se cansa perde' ou tantas outras coisas...
Creio que pode ser um estado de alma. Que logo passará...
Um abraço
Aconchega-te no meu abraço solidário, passar-te-ei o calor da minha esperança no futuro.
Para mim a esperança tem a cor vermelha, quente, viva e forte!
mando-te um lenço bem vermelho, com uma estrela bordada a ouro, para te aquecer o coração!
E mando também um abraço
Lagartinha de Alhos Vedros
Amigo do Vale:
Aqui da planície te envio o calor que nem temos, mas que é promessa de pão.
Não cedas! Muito menos a ti próprio...há que ver a vida de helicóptero.
beijinho
Ou quando o rumor dos passos das multidões se fizer ouvir...
Um abraço.
Duarte,
Este post é um espelho do que sentimos traduzido em palavras e que desenha um e "uns" estados de espírito. Todos nós, ou quase, de tempos em tempos percorremos esses terrenos. Cada um empenha a sua maneira de ser.
Não procures dentro ou fora de ti, não tentes controlar ímpetos, não lutes contra ti, porque o ti não luta contigo. É na perspectiva de ver o campo todo na qual se ganha a contenda.
Parece simples, mas é na simplicidade que estão os maiores remédios.
Relaxa, tranquilo. Respira profundamente, nem que seja para nos lembrarmos de que estamos vivos.
Seja agitados e descontrolados ou amorfos e sem ânimo.
De pé, com a espinha dorsal recta e de cabeça erguida, com os braços relaxados, fecha os olhos por segundos e depois abre-os.
Eu sou eu, tranquilo. Quero mudar e mudar os outros. Perceber as nossas expectativas e a dos outros, entender que não podemos controlar tudo. Perceber que isso é perfeitamente normal, assim é há milhões de anos. Compreender que a vida é mutação, não como queremos.
Tranquilo, somos somas de factores nossos e de outros, de influências e de encruzilhadas de vivências.
Tranquilo, recarregar baterias.
Não aceitar à primeira que isto funcione, para gerar mais stress, conscientes de que afinal pode estar tudo errado.
E assim continuar tranquilo... porque é assim e pode não ser assim.
Assim, na forma como percepcionamos o tudo, conseguimos entender o quase nada.
Abraço,
Zorze
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