quarta-feira, 15 de setembro de 2010

um 1/4 que até é meu

Este canto onde me sento
é de luz ténue ,
Lampada de tecto, chão de restos, almofada de mortalha.
Esta parede que me olha
não tem janela, prima da outra que espia por cima do meu ombro
e que , essa sim, tem janela (mas com portadas fechadas).
A velha madeira que me acompanha, pela noite dentro
num ranger de dobradiças, suporta-me os pesadelos os sonhos e os devaneios
ou não suporta nada, apenas reage.
Este canto que crava alguns silencios na minha ausencia
é canto doutroeu, melodia sussurada ou poiso vagabundo.
Descalço escrevo , arrefecendo os calos neste chão flutuante,
onde pouco importa a cor, apenas o tropeço na barbaridade de fios entrelaçados,
como ondas revoltas num mar de energia ...
esta voz que esbarra na impedancia do ar que me sufoca,
mais parece um nevoeiro de cigarros feito.
mais uma chama... será esta que me vai libertar num último aperto , esganando os meus pulmões?
Pouco importa, os calos continuam quentes, a parede vazia, e a janela fechada...
Aqui sou eu.
abraço vindimeiro

6 comentários:

Ana Tapadas disse...

Hoje invejo-te! A sério...estou farta de papelada, formação que não escolhi em quadros electrónicos, reuniões, ...injustiças.
Beijo

Dona Sra. Urtigão disse...

Aqui estou novamente, deliciando-me com a musica e as palavras, buscando não sei o que mais.

Jorge disse...

Tens muita qualidade amigo !!

Grande abraço.

Marreta disse...

Emborca um tinto que isso passa! Na terra da boa pomada não pode haver janelas fechadas!

Saudações do Marreta!

Anónimo disse...

Vindimas!

Lindo texto!

Como vai o vale e o Norte?

Como vai a tua Princesa?


Abraços cá do Sul

Lagartinha de Alhos Vedros

Fernando Samuel disse...

Bom texto!

Um abraço.