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Vila Flor vista do baloiço na Serra da Lapa Ao longe, o nevoeiro do Vale esconde a estival terra do fogo adormecido.  O inverno descansa as fragas escaldadas, e deposita no seu manto, o frio sincelo que vadio se cansa e poisa nos ramos nus. O ciclo fecha-se no descansado olhar dos semideuses.    Abraço do Vale
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Isto era o Porto.  Claro que nunca toquei para arranjar uns cobres. Aqui o tocador era o cabeludo e eu apenas lhe pedi a viola emprestada para dar uns toques.  O Porto daquela época já tinha turistas, mas ( como se pode ver pela fachada na Rua Sampaio Bruno) ainda não era o Porto de agora.  Passaram cerca de 13 anos desde esta imagem e os moradores já não são os mesmos, não se ouvem pregões nas ruas, as tascas desapareceram e deram lugar ao comercio de camone para camone.  Saudades dessa Invicta. Abraços do Vale.   
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  Imagem de afp/getty images ( sem o cravo)  A Luz e as Trevas.  Nestes tempos em que a obscuridade tende a afetar as mentes menos prevenidas, ou que de alguma forma se deixaram levar por caminhos mais ímpios, urge realçar os valores que nos são transmitidos por Seres Bons.  Não se conquista a Liberdade sem fazer jus à Justiça, e não há Justiça possível sem Liberdade.  O que nos liberta dos algozes é a nossa capacidade de discernir.  O que é Bem ?  O que é Mal?  Será necessário sofrer com o Mal para conhecermos o Bem?  Será necessário uma noite escura para sentirmos a mais ínfima Luz?   O Papa Francisco partiu e não me manifestei, a Páscoa passou e não me manifestei, o 25 de Abril passou e não me manifestei. Não o consegui fazer por motivos que não irei citar aqui.  Fui lendo sobre a partida do Papa Francisco e relembrando as palavras de bondade e tolerância que ele nos transmitiu, fui assistindo ao hesitar de figuras da nossa praça...
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A sombra despida jaz num poiso passeado, amofinada no brilho solto, em luz da madrugada.  A corrente não leva a espiga, mas quem a não sabe dizer, escreverá, com sangue, a palavra destino na carrasca e cega lâmina.  Aqui, o Rubicão é intransponível.  Não se jogam os dados como advir de um presente aleatório.  Aqui, a palavra é consequência. Duartenovale, 09/04/ 2025   
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Foto de Duarte Braz Escolhi o Vale pela manhã para falar do Sr. Zé.  Pela aldeia, a larga maioria, conhecia-te como " Quinhentos" , alguns como " Matrajela" . Do primeiro nome sei o porquê. Apareceu no tempo de juventude dos meus pais, já o segundo não faço a mínima ideia de onde poderá ter surgido. Podia ter indagado, mas não, fiquei-me pelo nome com o qual respeitosamente o tratava: O Sr. Zé.  Como dizia, escolhi o Vale pela manhã, pois foi pelo vale que nos fomos cruzando nas horas de labor. Ora no "Vale de Undrigo", ali perto das Águas Empoçadas, ora pelas Trigueiras abeiradas ao Canouçado. Tratava, então, o Sr. Zé, das terras do Dr. Alfredo homem de Coimbra e da vida Coimbrã.  Já os frequentes encontros e acesas conversas aconteceram, em determinada altura, pelo " casulo" ( era o nome que dava ao pequeno espaço inicial das bombas).  O Sr Zé, fora criado na aldeia com os seus irmãos, e, desde muito cedo, a fome de viagem ( somada a outra que ...
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 Este ano resolvi atrasar o meu texto sobre teatro, pois faz hoje uma década que o Leandro Vale partiu.  Já conhecia as artes performativas, e o palco em muitas configurações, quando me cruzei, pela primeira vez, com o meu amigo e camarada Leandro Vale.  Foi na Quinta da Atalaia, no pavilhão de Bragança mais precisamente.  "Os malefícios do tabaco" de Anton Tchekhov era o que descontraidamente ias representando pelo público dentro. Era de tal forma descontraída e natural, a tua intervenção, que ainda fiquei com dúvidas se estarias a meter-te descaradamente com as pessoas ali sentadas na esplanada.  Parei, sentei-me no chão e observei. Era Teatro.  A espaços ias regressando ao palco improvisado, onde tinhas os parcos adereços. O trabalho de ator era notável. Como é evidente, o teu nome era-me completamente desconhecido, tal como toda a tua obra.  Foto de Duarte Braz O teatro abordara-o na secundária do Fontes Pereira de Melo, e depois no CFP do Porto. A...
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Não, não me esqueci do dia do pai. Tal como não esqueci o dia da poesia. O meu pai é a melhor poesia que os dias me concederam, ou deverei dizer: os dias que me concederam nasceram da poética relação  do meu pai com o mundo?   Mas pareço ser tudo menos poesia. Este fruto meio ácido e dissonante não irá ecoar nas árvores do conhecimento. No entanto, sou pela ação do meu pai, e irei como pai, transmitir o amor que me deram.   A já longa caminhada pela vida terrena, fez dele um ser sábio. Pois com as pedras do caminho fez castelos nos quais nos abrigamos e defendemos, lá do cimo das muralhas, dos mais ímpios e impuros invasores.  As portas fecham-se à maldade, pois só se alcança a nobreza ouvindo as pedras do castelo.  Somos o fruto da insistente bondade do nosso pai.    As árvores conhecem as suas mãos. Pois foram elas que souberam desbravar a rebeldia dos ramos inquietos. O fruto nascera pão no regaço do suor matutino. A aurora eclodira e... já se ouvem...