Mensagens

Imagem
Não, não me esqueci do dia do pai. Tal como não esqueci o dia da poesia. O meu pai é a melhor poesia que os dias me concederam, ou deverei dizer: os dias que me concederam nasceram da poética relação  do meu pai com o mundo?   Mas pareço ser tudo menos poesia. Este fruto meio ácido e dissonante não irá ecoar nas árvores do conhecimento. No entanto, sou pela ação do meu pai, e irei como pai, transmitir o amor que me deram.   A já longa caminhada pela vida terrena, fez dele um ser sábio. Pois com as pedras do caminho fez castelos nos quais nos abrigamos e defendemos, lá do cimo das muralhas, dos mais ímpios e impuros invasores.  As portas fecham-se à maldade, pois só se alcança a nobreza ouvindo as pedras do castelo.  Somos o fruto da insistente bondade do nosso pai.    As árvores conhecem as suas mãos. Pois foram elas que souberam desbravar a rebeldia dos ramos inquietos. O fruto nascera pão no regaço do suor matutino. A aurora eclodira e... já se ouvem...
Imagem
  A tendência que algumas pessoas têm para usar imagens, sem fazer referência à fonte, conhecendo, por vezes, pessoalmente a mesma, é algo que sempre me incomodou. Faz já alguns anos, estive para riscar em definitivo do meu círculo de amigos uma pessoa que não soube respeitar uma regra de oiro com enquadramento legal (é bom relembrar) e que alegremente usou imagens minhas sem sequer fazer referência à sua origem. Pior do que não fazer referência foi usar outros nomes que estavam presentes no dito trabalho por ele editado e pura e simplesmente esquecer-se da minha pessoa! Lapso? Talvez. No entanto se alguma vez usasse um trabalho seu sem fazer referência ao seu bom nome, tenho quase a certeza que ficaria indignado. Faz uns dias, um amigo, igualmente mas efetivamente superior criador de conteúdos artísticos ( O Poeta do Aqueduto ), partilhou nas redes sociais, uma publicação de um artigo de jornal do extremo sul do nosso país. Teve o cuidado, o meu amigo Aure, de referir a proveniênc...
Imagem
 A loba dormia, e sonhava,  florestas e prados na sua cama macia. Uma Roma pedante, não quisera  pertencer ao farto e aleitante peito que fizeram crescer dezenas de crias.  Ora vinha o sol, ora era a lua, mas nada!  Nem ninguém soubera que a loba, matriarca adormecida, esperava pela impaciente fome.  A fome de obtusos seres, autófagos estropiados no seu insano desequilíbrio.  Roma viciada adormecia e ao longe, no prado ou na floresta, a loba farta corria entre as estrelas da noite e pelo brilho da lua.  Abraço do Vale      
Imagem
 Tal como tem acontecido ao longo da minha vida, um acaso acabaria por me proporcionar este encontro aquando da inauguração da estátua do Hélder.  No dia anterior resolvemos, eu e a Sofia, irmos dar uma volta de carro à beira mar. Não saímos do carro! Chovia à boa maneira poveira: puxada a vento que era um mimo!  Reparei que havia ali, perto do quiosque, algum movimento com umas supostas obras. Nada de mais natural, pensei eu seguindo caminho.  Regressamos a casa com a vontade de um café à beira mar.  No dia seguinte repetimos a dose, mas já não chovia!  Era um dia tão soalheiro, que os estacionamentos junto ao bar onde costumamos ir estavam completamente preenchidos.  Seguimos avenida acima, em direção ao estacionamento das docas, pois esse não é de borla e quase todos tendem a fugir do dito. Passando junto à zona das supostas obras, deparei-me com um bastante grande aglomerado de pessoas. Pareceu-me ver o edil e outras figuras de destaque da Póvoa de...
Imagem
Ontem foi dia da mulher.  Bom... é considerado Dia da Mulher há alguns anos e em diversos países desde algumas décadas.  Pelo que pude apurar ao longo dos anos, a ideia do dia terá germinado nas lutas de mulheres operárias algures pelo ano de 1918. Dois anos volvidos surgiu uma Clara Zetkin que fez a proposta de celebração das mulheres no dia 8 de Março.  Na verdade só quatro países, em 1911, viriam a adotar o dia para honrar as mulheres: A Alemanha, a Áustria, a Dinamarca e a Suíça. O mesmo dia viria a ser oficializado pela ONU em 1975.  Longos anos passaram, continuamos a celebrar as mulheres de várias formas e em datas diferentes por este mundo fora. A História tem os seus nomes, alguns mais visíveis do que outros. Na realidade o que me leva a celebrar as mulheres é mais do que ( justificadas) lutas sociais (Eva Peron, Rosa Parks, ... ), feitos heroicos (Joana d'Arc, Mata Hari, Rosa Luxemburgo, ... ), científicos ( Hypatia de Alexandria, Marie Curie, Ada Lovelace,...
Imagem
Há momentos em que a inspiração (para escrever algo onde a beleza possa de alguma forma remanescer) fica estatelada no chão.  Assisto, incrédulo, às mais impossíveis reviravoltas do panorama global em termos de política internacional.  Vejo energúmenos a fazer a saudação nazista e... os mais religiosos seres que me rodeiam, a terem atitudes de tal forma afastadas da saudável espiritualidade que se confundem com os radicais e extremistas que tanto nos custaram, a nós, Humanidade.  Será que anda tudo louco?  Uns a apregoarem a multiplicidade de géneros e afins, outros a quererem repor ordem na casa, clamando valores xenófobos e perigosamente intolerantes.  Um país com um merdas a regulamentar sobre a deficiência classificando-a como imbecilidade, aparece-nos no panorama!!! Ninguém vê?  Será que vamos esperar que venha uma praga e nos varra a todos ???? ...  Será este o tempo das baratas? Baratas ao poder!!! ...  Uma coisa é certa:  Para já cheg...
Imagem
  Coziam o pão todas juntas.  O forno que acolhia as irmãs era grande o suficiente para a labuta da minha mãe, da minha madrinha, da tia Júlia, da tia Teresa, da tia Amélia, da prima Júlia e das cunhadas.  Cheirava a lenha e a monte o avental da minha  avó. Na época das flores reconhecia o cheiro a arçã, e a terra molhada na época das chuvas. Éramos muitos a correr pelas ruas, e poucos eram os que podiam ajudar, porque se pudessem, o campo reclamava a força dos braços já feitos. Assim eram passados os dias da cozedura fora do bairro dos Índios. De vez em quando lá íamos para a Fonte de Ordem lavar a roupa, completando as viagens que nos afastavam da terra batida do bairro do Calvário.  Os dias de emigração separariam algumas das irmãs. Ficariam de vigia ao Calvário a minha tia Teresa e a minha tia Júlia. As outras partiriam para as Franças, tal como tinha já partido o meu tio Carlos. O tio António que vinha de Angola, iria para o Canadá. Já o meu tio Chico viria...
Imagem
Ao meu cão poeta que partiu O meu cão já não morde os limões,  nem ladra aos mosquitos,  nem pula irrequieto  atrás dos meus acenos.  Passeia-se numa estrada sem carros,  abeirada pelas espigas  e a eternidade do trigo.  Levou parte da poesia do quintal  e aos pássaros perenes  recita os versos dizendo  Au! Au! ... Au!  Podia ter dançado  pelo caminho das Trigueiras  e descansar no Canouçado    Tinha medo ... Tinha medo da viatura que o levaria passear,  tal como levou o Gandulo e a Palhaça,  Meus eternos companheiros.  Confessava-me:  "é engenho dos infernos"  e... ficava-se pelo quintal.  O meu cão olhava-me com ar doce,  tão doce quanto as suas tropelias.    A nespereira do quintal, inquieta  perguntou pelo Mancha ao limoeiro que o acolhia   O limoeiro triste  e virado para o céu  Apontou ao firmamento...  e... chorou as folhas  que já ...