... e nós...
tu eras universo num pulsar tu eras o brilho aglutinador de toda minha matéria tu eras mil horizontes num olhar profundo tu eras riso de criança num corpo de adulto tu eras a fome saciada num encontro de pele eu era rasto de cometa num céu que te pertençe eu era a fotosintese na amena claridade dos teus dias eu era a explosão da fronteira que nos separa eu era de tronco tenro enraízado em nós eu era manto do núcleo que cresce em ti e que somos nós agora? uma ténue nuvem passageira na aridez do deserto! agora quando te retrato, faço-o olhando como quem vê no espelho o tempo presente! já não te quero, tu não me queres... apenas recordamos. é tão bom viver sem a tua presença, melhor é lembrar como fomos ou podiamos ter sido, num passado que tende a mentir-me... se a memória me não falha. abraço de uma velha primavera.