Ao meu cão poeta que partiu
nem ladra aos mosquitos,
nem pula irrequieto
atrás dos meus acenos.
Passeia-se numa estrada sem carros,
abeirada pelas espigas
e a eternidade do trigo.
Levou parte da poesia do quintal
e aos pássaros perenes
recita os versos dizendo
Au! Au! ... Au!
Podia ter dançado
pelo caminho das Trigueiras
e descansar no Canouçado
Tinha medo ...
Tinha medo da viatura que o levaria passear,
tal como levou o Gandulo e a Palhaça,
Meus eternos companheiros.
Confessava-me:
"é engenho dos infernos"
e... ficava-se pelo quintal.
O meu cão olhava-me com ar doce,
tão doce quanto as suas tropelias.
A nespereira do quintal, inquieta
perguntou pelo Mancha ao limoeiro que o acolhia
O limoeiro triste
e virado para o céu
Apontou ao firmamento...
e... chorou as folhas
que já não abrigavam
Canídeos sonhos e poesia uivada
Até já meu Mancha... 20/02/2025
Comentários