sábado, 27 de fevereiro de 2010

Vultos in temporais

cortinas de espuma barria

arrastam o mais leve sonho

atirando ao mar bravio

crianças feitas homems



ribeiros choram casas

riachos cospem carros

a montanha desceu a praia

a cidade pintou-se de lama.


na madeira um jardim

virou entulho e carne

dinheiros que por fim

não serviram para nada.


nos bolsos de quem o teve

apressadamante planeou

território ordenou

e quem pobre era, se manteve.


quem nada tem perda a vida

quem pouco tem tudo perde

quem muito tem pobre fica

pois quem tem tudo, de nada serve.


como disse o caetano

que "o Haiti é aqui"

também digo(e não me engano)

"e agora, que não há aqui?"


globalmalmente enganados

à merçê de tempos bravios

de que nos vale o fado?

de que nos vale os gritos?


poder é : termos o direito à partilha


termos direito a ter direitos

neste continente feito de ilhas


com gente que o poder fez.




abraço do vale , triste e solidário.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PARECE QUE FOI ONTEM

naquele dia que nos levou até hoje

desenhaste as estradas

com cantos de liberdade

silencios morrem ao som que é eco

da tua alma em nós plantada

esquecer? como?

se somos fruto da mesma árvore!

que toquem alto a nossa liberdade

pois ,gente surda, teima em não ouvir

o voo ao vento das asas dos teus versos.

..............no vale ainda se canta.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

janela aberta com persiana corrida

quando as tuas tardes são minhas manhãs, pinto girasois na tua janela virada para um futuro possível...
quando no alto do teu castelo, princesa, apelas, respondo com o mais sonoro sorriso e o mais envolvente abraço...
mas quando em ti nada mais existe, senão ganancia ausencia de dor e tristeza, nada tens , pois não estou para quem nada espera.
fiz uma chama na lareira do teu pensamento, penso eu
será preciso alimentar esse fogo que tarda em consumir-te?
que máscara terei eu de esculpir na pedra dos teus sonhos?
uma máscara cristalina , opaca ou espelhada?
em contornos que não defino, encaminho meus dedos na cegueira de dizer-te...
e não te digo, pois ainda não chegaste.
cansado da longa estrada sem linhas e entrelinhas, entorno a tinta seca no caderno dos teus olhos... é vento que te ofereço.
pois de mim, nada... apenas sombras de corpo ausente.
para ti que te queres cativa, não serei horizonte...
ainda assim ,atiro meu abraço ao vento suão, sem esperar nada mais senão, teu peito vivo do pulsar que em ti espero.
até qualquer dia.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

REVOLTA NO CIBERESPAÇO

CULPABILIZAM-ME ASSIM
DE Q'RER MUNDOS SÓ PRA MIM
QUERO SÓ PENSAR POR MIM
NÃO SOU DE TI,NEM DE UM LINK,
QUE PODES AGRAFAR
COPIAR OU COLAR
SEU CORPO ARRASTAR
KAPAS EM PASTAS EDITAR...
A PALAVRA PENSADA ESCRITA
NÃO É OUVIDA,
POR MUITO QU'ENCAMINHES
DE FORMA REPETIDA,
SÃO SUSSURROS SEM ECOS
NA RUA ONDE CRESCE
O VAZIO DO VOO DAS PEDRAS
QU' EM MÃOS AMACIADAS
DAS TECLAS OU TECLADOS
ESQUECEM A FIRMEZA
QUE É NOSSA NATUREZA.
NO MEU CPU AVARIADO,
O RATO ROEU PLACA GRÁFICA
MOTHER BORDER! OU FUCKER!
NÃO VEJO IF I SCAN
AS POLEGADAS ESTÃO MINADAS
SÃO INCH À LA MANIERE
DE VER TUDO À L'ENVERS...

abraço do vale

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

PARAR PARA PENSAR


parar para pensar... às vezes é melhor ir andando e pensar um pouco!

mete-me confusão determinadas expressões. se parar é morrer... será que há vida depois da morte? deve haver alguma coisa, menos pensamentos post-mortem!!!

eu sei, existem diversos tipo de morte... mas eu prefiro ir andando,já que morrer é a única certeza que temos( juntamente com as certezas de termos nascido, comido, mijado, cagado, estudado, feito amor, e outras merdas que agora não me lembro....).

Pois sigo o meu caminho , aos tropeções , meio atarantado com as cabeçadas que já dei, encontrando outros caminhos (uns mais sinuosos, outros menos), apreciando a paisagem enquanto o tempo(que não para) me deixa... fazê-lo.

Quem corre por gosto não cansa! eu cá prefiro a marcha! cansa menos. dois passos pra frente, um para trás.......... e se fosse um de cada vez?! é menos confuso, mais natural... e não fico com ar de bailarino!!!

Tenho tido um gosto especial por dias longos, sujeito a coisas antagónicas: estar no campo com toda a simplicidade da terra , a pedir mãos para quem a quer fértil... e de seguida estar no meio de gente quão diferente, tanto as nuances que delas emanam, ver e ouvir, questionando ou não. estar no café com pessoas de bons costumes e moralmente integradas e de seguida conviver com a mais normal meretriz.

Dias desses fazem-me sentir a pedra da calçada ou o asfalto quente ou então a poeira do caminho ou ainda a lama nos sapatos... ou até tudo isso ao mesmo tempo.

Dias normais? não , obrigado! quero sentir na anormalidade , o nascimento da questão... ou então não questionar , apenas observar e digerir pensando.

Tenho dias , que se vão fazendo mornos... almofadados... e isso sim, aborrece-me.


abraço do vale