Este canto onde me sento é de
luz ténue ,
Lâmpada de teto, chão de restos
almofada de mortalha.
( suspiro)
A inquisidora parede não tem
janela,
Espia-me outra de portadas cegas
( viagem)
A velha madeira
companheira falante
suporta-me os pesadelos
os sonhos e os devaneios
ou nada suporta,
apenas range cansada.
( horizonte)
Este canto que crava silêncios na minha ausência
é canto doutroeu,
melodia sussurrada
ou poiso vagabundo.
( Gaia)
Descalço, escrevo meus calos neste chão.
(Incolor)
bárbaros fios entrelaçados,
Tempestuoso mar de energia
( inquietação)
Esta voz que esbarra
No ar que me
sufoca,
É ténue eco num tabágico nevoeiro !
( chuva)
Solto uma chama mais...
será liberdade num último
aperto?
esgano pulmonar?
Pouco importa.
( gemido)
Os calos fervem, na parede vazia, e,
da janela fechada espreita o sol...
( germinação)
Aqui, ainda sou eu.
( nasce a flor)
Duartenovale revisitado. Parti de um texto meu de 2010, com o mesmo título, e como é evidente não podia sair a mesma coisa. Continua a ser lixo poético ( a poesia do lixo), mas é TODO meu!