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A mostrar mensagens de janeiro, 2025
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Na Rua da Junqueira, em terras poveiras, há detalhes que são dignos de uma paragem.  Claro que com o ruído das montras e a " poluição visual" que molestam quem pacatamente circula (sem a intenção de comprar), esses detalhes parecem escondidos.  É verdade que por vezes o detalhe é inserido num conjunto disforme, insípido ou aberrante.  Cabe-nos ver "a parte boa"... se a houver!  Um pouco por toda a nossa existência houve cenários menos bons, mas com a particularidade dos detalhes servirem de âncoras em cais seguros.  Como é evidente, no meio das tempestades, somos assaltados pelo ribombar do trovão, calando assim a razão  assoberbada na desassossegada viagem.  Se a inquietação esquecer o cais seguro a deriva pode ser atribulada…  O suporte da viagem está nos detalhes: aroma a sal que queima mas condimenta, chuva persistente que encharca mas limpa a face, vento que grita e nos propulsa para o desconhecido…   A luz só existe se soubermos da...
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Não sei dos pássaros  Não sei das asas Não sei do ar Não sei Só sei voar Só sei do sol Só sei das nuvens.   E nos bicos calados nasceram reticências ...  (quando levantar voo serei poesia) Duartenovale com um abraço
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Há já uma meia dúzia de anos resolvemos ir a um encontro de autores ( escritores) regionais.  O município que organizou o certame foi Tarouca.  Entre uma ida a Salzedas, a Ucanha, a Várzea da Serra, às caves da Murganheira, passamos por São João de Tarouca.  Escusado será dizer que fiquei maravilhado com o património que a Ordem de Cister ali deixou.  Esta igreja é um exemplo da beleza e invulgar ostentação de riqueza. Quis-me parecer que assim seria por esta particular organização religiosa local ser efetivamente mais abastada do que os vizinhos de Salzedas, pelo menos assim nos disseram.  Confesso que em termos de local de culto, preferi Salzedas. Já relativamente a beleza interior, esta é efetivamente mais notável.  Creio que o culto se vai perdendo na aparência.  Ou melhor: a aparência de culto acaba por gradualmente esfumar a Fé, ou torná-la secundária.   Assim ponho-me a pensar na casca da noz, sólida, bonita e que esconde o seu miolo, ou a ...
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 Há nevoeiros que nos toldam a vista. Apesar do esforço, ver nem sempre acontece. Sentir é opção para vistas difíceis ou de difícil entendimento. O lobo mau pode esconder-se e morder-nos os calcanhares a qualquer momento, e, se nos comportarmos como as ovelhinhas, pode trincar-nos até ao osso!  Claro que a figura do lobo parece depreciativa e pode sugerir ser uma "obra do demo". O objetivo não é esse. O lobo só é mau se o deixarmos ser. O lobo pode ser apenas companheiro de viagem e guardião do que deve ser oculto e mantido nas trevas. Os ameaçadores caninos salientes proíbem qualquer aventurança pelo porta que o lupino companheiro guarda.   O respeito pelos sentidos, apesar de uma visão toldada, abre-nos outros caminhos. Há muito mais em ser do que o verbo ver. Abraço do Vale.
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 Praticamente no topo do vale situa-se o Canouçado. Esse lugar nos limites do termo, como dizem os nossos mais velhos, ficaria na posse do meu pai e ainda seria tratado pelo meu avô nos anos 80 do século passado. Escusado será dizer que nutro por esse canto de terra um especial carinho, assim como tenho pelas Á guas Empoçadas, As Trigueiras, O Tourinho Alto um apego emocional vincado.  ( Desengane-se quem achar o contrário! No que a propriedade diz respeito sou extremamente telúrico e marcadamente territorial. Não tenham a menor dúvida. Tirar essa dúvida pode não fazer bem à saúde!!! )  A minha infância passaria entre a França, onde nascera, e este cantinho de Trás-os-Montes que eu chamava de Portugal da Avó.  Como é evidente não cresci e vivenciei da mesma forma os montes e o vale como vivenciaram os nativos.  Era um ser "hibrido".  Ora me distraia com o fluxo de pessoas nos Campos Elisos ora fitava o carreirão de formigas transportando coisas várias. Clar...
 O regresso dos burros.  Havia algum tempo que os animais estavam desaparecidos. Por aqui, no Nordeste, já são raros, pois a última vez que passei por um de quatro patas, já deve ter sido há pelo menos um ano.  Como é evidente a evolução darwinista não deixou escapar os burros.  Embora tardia acabou por acontecer.  Os que andavam de quatro patas deram lugar a outros que caminham emproados em cima de duas patas e que já não exibem aquela pelugem dos ruços, nem as orelhas asininas, têm mãos e pés e até se sabem vestir como nós.  O mais espantoso é que estes já não zurram: falam!  Sim pessoal, eles falam!  É verdade que por vezes não são nada inteligíveis e isso dificulta a comunicação.  Também é verdade que os seus propósitos não são os mais acertados, nem sabem de moral e tão pouco de ética.  Mas o que queríamos? Queríamos que saíssem acabadinhos e polidos? Isso não é possível.  Há que dar tempo para o cérebro evoluir o suficiente. N...