quarta-feira, 12 de outubro de 2022

 

Um 1/4 que até é meu

Este canto onde me sento é de luz ténue ,
Lâmpada de teto, 
chão de restos

almofada de mortalha.

( suspiro)

A inquisidora parede não tem janela,

Espia-me outra de portadas cegas

( viagem)

A velha madeira 
companheira falante

suporta-me os pesadelos

os sonhos e os devaneios

 ou nada suporta,

apenas range cansada.

( horizonte)


Este canto que crava silêncios na minha ausência
é canto doutroeu,

melodia sussurrada 

ou poiso vagabundo.

( Gaia)

Descalço, escrevo meus calos neste chão. 
(Incolor)

bárbaros fios entrelaçados,
Tempestuoso mar de energia

( inquietação)

 
Esta voz que esbarra

No ar que me sufoca,
É ténue eco num tabágico nevoeiro !

( chuva)


Solto uma chama mais...

será liberdade num último aperto?

esgano pulmonar?
Pouco importa.

( gemido)

Os calos fervem, na parede vazia, e,

da janela fechada espreita o sol...

( germinação)

Aqui, ainda sou eu.

( nasce a flor)

Duartenovale revisitado. Parti de um texto meu de 2010, com o mesmo título, e como é evidente não podia sair a mesma coisa. Continua a ser lixo poético ( a poesia do lixo), mas é TODO meu! 

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